quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Por uma igreja apolítica, porém, politizada

Hermes C. Fernandes

Devo deixar claro que sou apolítico, e jamais estive comprometido com qualquer partido ou ideologia. Nunca saí em defesa deste ou daquele sistema político. Fui chamado por Deus para pregar o Seu Reino e a Sua Justiça.
Conheço o trabalho de alguns expoentes da Teologia da Libertação, e os respeito profundamente. Entre eles, Rubem Alves, Frei Betto, Leonardo Boff, e outros. Se lêssemos suas obras desprovidos de preconceito, encontraríamos verdadeiras pérolas. Sigo a recomendação de Paulo que diz que devemos ler de tudo, porém reter o que for bom. Não subscrevo 100% de nada que tenha sido escrito ou ensinado por alguém, nem mesmo Calvino, que eu tanto admiro. Não compro pacotes fechados, nem doutrinários, nem ideológicos. Prefiro examinar as coisas de per si, e só reter comigo o que estiver de acordo com o espírito do Evangelho. Sou capaz de encontrar lírios no meio da lama. Por isso, presto tanta atenção na produção cultural secular. Detesto rótulos, e por isso, evito rotular quem quer que seja, e peço que não me rotulem.
Acredito que o marxismo levantou as questões certas, mas não encontrou as respostas corretas a estas questões. Questões que o Capitalismo preferiu varrer pra debaixo do tapete.
Mas também não vejo o regime socialista como um bicho-papão.
Prefiro manter-me numa posição de total isenção, o que me dá condição moral de denunciar as mazelas de qualquer que seja o sistema político. Sem esta isenção, perdemos a eficácia profética no mundo. Por conta disso, pude celebrar a queda do Muro de Berlim, bem como a Perestroika, mas jamais poderia concordar com o embargo à Cuba, responsável por manter a ilha de Fidel num atraso tecnológico de décadas. Celebrei a eleição de Obama, pelo que representa de avanço contra o preconceito racial nesse país. Mas não sou obrigado a concordar com sua política relativa ao aborto.
Foi este tipo de isenção que deu a Jesus a condição moral de elogiar um centurião romano por sua fé, sem com isso estar endossando o domínio imperial. Sem isenção, jamais João Batista poderia denunciar os erros praticados por Herodes. A falta de isenção produz profetas como Natan, que após dizer a Davi que desse continuidade ao seu projeto de construção do templo, se viu numa saia justa, ao ser ordenado por Deus a retornar ao palácio e dizer que não seria ele que Lhe edificaria uma casa. Imagine como deve ter sido difícil para o mesmo profeta chamar a atenção de Davi por haver pecado! Natan teve que apelar para uma parábola, em vez de ser direto, curto e grosso. Tudo isso por causa do seu comprometimento.
A igreja cristã tem que ser voz profética no mundo, e para tal, usando um português mais claro, não pode ter rabo preso com ninguém.
Achei vergonhoso o apoio irrestrito que alguns pastores americanos deram ao governo Bush, a despeito da morte de milhares de inocentes tanto no Afeganistão, quanto no Iraque. Embora ele se apresentasse como um presidente cristão, nenhum cristão teria que concordar com a sua política externa imperialista.
O Capitalismo selvagem pregado pela direita não tem moral alguma para falar contra o Socialismo/Comunismo. Não há mocinhos nesta história. Todos são vilões.
Se o Comunismo foi responsável pela morte de milhões de pessoas ao redor do mundo, o Capitalismo também o é, e todos os demais sistemas criados pelo homem.
Basta uma viagem à África para verificar do que o Capetalismo é capaz. São milhões e milhões de mortos e famintos, vítimas da ganância e da exploração dos países desenvolvidos. Sim, eu disse "capetalismo", pois isso que ele é.
Não sou partidário nem da esquerda, nem da direita. Se a esquerda produziu Lenin, a direita produziu Hitler e Mussolini.
Não há sistema capaz de produzir a verdadeira justiça preconizada pelo Evangelho. Todos estão fadados a fracassar. O mesmo Cetro de Cristo que derrubou o Muro de Berlim, também derrubará a ganância de Wall Street.
Por isso, em vez de optar entre o Comunismo e o Capitalismo, eu fico com o REINISMO. Acreditar que um sistema político poderá trazer justiça à terra é, no mínimo, ingenuidade. Só o Reino de Deus poderá transformar a sociedade humana.
E quanto aos mortos, desaparecidos e torturados durante a Ditadura Militar no Brasil? Quem foram os responsáveis? Sabe quantos pastores reformados desapareceram do mapa ou foram torturados? Quem vai clamar por eles?
Se no Comunismo se tem a partilha dos bens, em contrapartida, perde-se a liberdade. No Capitalismo preserva-se a liberdade (pelo menos em tese), mas os bens ficam concentrados nas mãos de poucos.
Só o REINISMO poderia trazer a liberdade e a partilha dos bens, porém, de maneira voluntária, fruto da consciência iluminada pelo Espírito do Evangelho.
Chamo de REINISMO a proposta vivida pela igreja primitiva, em que havia em todos abundante graça, expressada no cuidado recíproco, e no repartir do pão.
Cabe à igreja de Cristo ser paradigma para as nações, sendo uma espécie de amostra grátis, de workshop do Reino do Deus.
O que for bom, a gente aplaude. O que for ruim, a gente denuncia. Venha de onde vier!

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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Coisas que Deus nunca prometeu

Alan Brizotti

Deus nunca prometeu facilidades. A vida cristã é caminho de cruz. É andar nas trilhas íngremes das tribulações. É aprender a morrer. Jesus chama seus discípulos e avisa: "Vou rogar ao Pai e ele vai enviar outro Consolador" (Jo. 14. 16). Ora, consolo não é para quem está na festa, no shopping ou no parque de diversões, mas para quem está no luto, na crise, na dor. Essa é a promessa que Jesus fez: Preparem-se para as perdas! O Consolador é uma certeza!

Deus nunca prometeu sucesso em tudo. Principalmente o sucesso sob o ponto de vista da sociedade estranha de hoje. Sucesso para Deus é um retorcido numa cruz salvando o mundo de seus pecados! A lista das bem-aventuranças mostra o tipo de gente que Jesus abençoou com o adjetivo "Felizes": pobres de espírito, os que choram, mansos, famintos e sedentos por justiça, misericordiosos, puros de coração, pacificadores, sofredores e os injuriados e perseguidos pela causa de Cristo (Mt. 5. 3-11). Ou seja, dessa lista exclui-se grande parte dos líderes religiosos dessa igreja/circo da atualidade.
Deus nunca prometeu uma série de outras coisas que se inventam todos os dias nas igrejas. Por exemplo, ele nunca prometeu compensação imediata em troca das ofertas (o próprio termo "ofertar" já implica um doar desinteressado). Ofertas, na Bíblia, sempre vêm acompanhadas de sacrifício (viúva pobre, por exemplo (Lc. 21. 1-4)). Hoje, oferta-se não mais com a dor do sacrifício, mas com a ansiedade do retorno. Já não é oferta, mas investimento no banco da celestialidade.

Não quero as promessas dos empresários de deus. Quero permanecer firme nas promessas do meu salvador. Principalmente na maior de todas: "Eis que venho sem demora" (Ap. 22. 12).




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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Graças a Deus, agora sou evangélico!

Julio Zamparetti Fernandes

Evangélicos são, muitas vezes, idolatras... eu diria até arcólatras, oleólatras, fitólatras, gedozólatras, salólatras, corredorólatras, campanhólatras e até bibliólatras. Muitas igrejas não admitem o uso da imagem do crucifixo que é um ícone da nova aliança, mas usam e abusam de qualquer réplica mal feita da arca, que é ícone da antiga aliança. Isso sem contar com a devoção que o povo evangélico, não raras vezes, emprega à arca; enfrentam filas para tocá-la e o fazem muitas vezes chorando e confiando que ao simples toque serão abençoados. Que diferença tem isso da devoção empregada no santuário de Aparecida? Na verdade, a maioria dos crentes apenas mudou de idolatria (se é que a imagem dos santos constitui idolatria).
Os santos são ícones do cristianismo; são exemplos a serem seguidos; gente que andou com Cristo e viveu Sua cruz e ressurreição, portanto, apontam para Cristo. Mas quem são os ídolos evangélicos? Arca, castiçal de sete velas (sem velas! rsrs), óleo ungido (e você não vê católicos com vidrinho de óleo lambuzando tudo o que possui), lencinho, fitinha, toalhinha, sal e rosa ungidos e por aí vai. Acaso alguma dessas coisas pode ser ícone perfeito de cristo? Apontam para Cristo? Seguiram Cristo? Viveram a morte e ressurreição de Cristo? NÃO. Alguns são ícones da velha aliança, outros apontam somente para a avareza de seus líderes sem escrúpulo. Logo, a cultura invangélica (assim mesmo, pois de evangélica não tem nada) está mais impregnada de idolatria do que aquela que os invangélicos acusam e condenam.
Todavia não se pode negar a desvirtuação da iconologia católica, que contraria as Escrituras e o próprio catecismo católico e a ICAR simplesmente fecha os olhos para isso.
Santos são ícones, não mediadores. A idolatria evangélica nem para ícone serve.


Julio Zamparetti Fernandes é subversivo como a turma do Genizah
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